Categorias de Base: O sonho de ser jogador de futebol e os principais campeonatos



AgênciaUVA 

As peneiras de futebol são “avaliações técnicas” realizadas por clubes e vêm se tornando um grande sucesso entre jovens talentos que procuram se lançar no mercado da bola, aumentando assim as chances de se tornarem grandes jogadores de futebol (Leia também: A difícil vida para se tornar jogador profissional). A enorme presença de jovens em peneiras de futebol é motivo de grande alegria para dirigentes e comissão técnica dos grandes e pequenos clubes do Brasil.

Os atletas chegam de todas as partes do país para participarem das peneiras de futebol. As avaliações são realizadas com embasamento técnico e são constituídos de até 20 treinamentos. Após as avaliações, os atletas aprovados iniciam treinamentos diários de segunda à sexta-feira. Em turmas mais adiantadas, os atletas treinam em dois períodos, somando nove treinamentos semanais que contam com treinos técnicos, táticos e físicos.

Cerca de 250 jovens entre 10 e 17 anos tentam a sorte de integrar as divisões de base do Fluminense. Apenas 40 deles são selecionados pelo grupo de captação. Foto: Divulgação / Fluminense




Todo o trabalho desenvolvido dentro das categorias de base dos clubes é voltado para  encaixar o jogador na equipe principal em um futuro próximo. A formação do atleta deve ser cuidadosa para prepará-lo, primeiramente, para atuar pelas categorias de base do time. Caso essa meta não seja atingida por algum motivo, os clubes têm internamente o conceito de que preparou e ofereceu uma formação de qualidade para o atleta se profissionalizar e atuar nos mais diversos mercados do futebol.

Apesar de possuir um objetivo amplo e comum, os clubes adotam a individualização do atleta como um dos princípios básicos. Cada jogador recebe atenção personalizada, de acordo com suas potencialidades e pontos de melhoria. Os times trabalham o processo de formação respeitando alguns conceitos estudados e bem definidos pelos profissionais que coordenam a parte metodológica da formação. Para eles, o jogador deve estar em sintonia com a história do clube e também dentro dos objetivos do trabalho atual de sua equipe. Dessa forma, não existe uma predisposição de captar jogadores somente do estado aonde o clube se localiza, e sim uma visão aberta de mercado: é importante primar pelas características técnicas do jogador, mesmo que seja de regiões distantes, e formá-lo dentro de um processo de desenvolvimento que respeite as características históricas do clube.

Os grandes clubes dividem seu processo de formação entre escolinhas de futebol espalhadas por todo o estado e categorias de base dentro do Centro de Treinamento. As duas fazem parte de uma mesma estrutura e se comunicam de forma que o processo seja interligado. As escolinhas são destinadas às crianças de 5 a 13 anos, pois ainda estão em processo de formação . Não existe ainda campeonatos da federação para essas idades.


“Nas escolinhas acontecem os primeiros ensinamentos. São trabalhadas questões de coordenação motora e relação com a bola. É muito mais um processo de descoberta de qualidades do que de competição. O clube promove e incentiva que os processos de treinamento para as escolinhas sejam em campos reduzidos e com equipes com menos jogadores’”, diz o coordenador da escolinha do Fluminense Guerreirinhos, Rodrigo Moreira.

Guerreirinhos, Escolinha de Futebol do Fluminense, de onde saem alguns meninos que brilham em Xerém e defendem a camisa profissional do clube. Foto: Divulgação / Fluminense.
A partir dos 13 anos, os clubes já passam a tratar o jovem atleta como parte das categorias de base. Evidente, que nem todos os que participam da escolinha acabam integrando as equipes de base, porém a ideia é que ocorra essa transição. Após a formação inicial na escolinha, os clubes dedicam seus esforços para os sub 13, 15, 17 e 20, a chamada categorias de base.

Atualmente, os clubes contam com mais de 150 atletas nas categorias de base. Esse número de pessoas é divido em aproximadamente 30 por cada categoria e cada uma delas possui um objetivo e uma carga de trabalho de acordo com as especificidades da idade. Todas elas trabalham questões táticas e técnicas, individuais e coletivas, de acordo com uma metodologia desenvolvida dentro do clube que usa percentuais para determinar o tipo de trabalho a ser realizado em cada uma das categorias.

A partir do sub-15, os atletas começam a jogar campeonatos importantes pelos clubes, como a Copa Brasil Sub-15, que atende aos padrões oficiais da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Na Copa Brasil Sub-15, já participaram grandes equipes brasileiras e também equipes internacionais representando os Estados Unidos, Venezuela, Paraguai, Japão e Bolívia. Com isso, esses jogadores vão ganhando experiências até chegar no sub-17, que é quando começam os campeonatos de títulos nacionais, como a Copa do Brasil Sub-17. Neste último, as emissoras de televisão começam a transmitir os jogos e torcedores passam a conhecer os atletas. Em um desses campeonatos, o lateral esquerdo do Fluminense Matheus Mascarenhas se destacou e ganhou uma chance de mostrar seu futebol no profissional: jogou quatro partidas e marcou um gol.

“Estava em um treino contra o profissional. O professor Abel me chamou no canto e falou que já estava de olho em mim nos jogos que estavam sendo transmitidos na televisão. Fiquei surpreso e muito animado para ajudar o time em que estou há mais de 10 anos. Em uma dessas partidas, fiz um gol e passou um filme na minha cabeça: na hora chorei e vi que o sonho estava começando a se realizar”, conta Mascarenhas, que hoje joga pelo sub-20 do Fluminense para ajudar o time a conquistar mais um campeonato de base.

O campeonato mais importante das categorias de base é a Copa São Paulo de Futebol Junior onde 92 clubes, divididos em 23 grupos com quatro equipes cada na primeira fase, mostram suas promessas sub-18 e 20 sob olhares de treinadores, diretores, empresários e olheiros rivais (sabe qual é a diferença entre olheiro e empresário?). É a hora de garimpar a próxima joia rara que pode surgir no futebol brasileiro. A copinha todo ano chega cercada de uma expectativa que vem se transformando em realidade nos últimos anos.

O lateral-esquerdo Mascarenhas, em sua primeira participação como profissional. Há mais de 10 anos, o jogador defende o clube de coração. Foto: Instagram do atleta

Camisa 10, Brayan Nascimento, o Maestro, foi um dos destaques do bom time do Paulista na Copinha. Autor de gols e de vários passes para gol, o meia vê o sonho de ser jogador de futebol se tornar realidade.  O contrato com um dos maiores clubes do Brasil é a grande chance da carreira de Bryan, que fala com otimismo sobre a oportunidade até mesmo de poder atuar pelo time profissional. Nos últimos anos, o Flamengo tem aproveitado e dado chance aos jogadores vindos da base.


“Não é apenas um sonho meu, mas da minha família também. Um sonho realizado poder vestir a camisa do Flamengo, um clube gigante e com essa história, com a maior torcida do mundo. Espero representar da melhor maneira e honrar as cores do clube. Com certeza é a oportunidade da minha vida. O Flamengo vem dando cada vez mais importância para a base, vou me esforçar ao máximo no sub-20 e dar o meu melhor sempre para que, se um dia aparecer a oportunidade no profissional, eu esteja preparado da melhor forma possível”, disse o meia que está há cerca de oito meses no clube.


Credito/Fonte: agenciauva.net
Reportagem de João Vitor Barros / Videorreportagem de Lia Van Boekel.