Categorias de Base: A difícil vida para se tornar jogador de futebol no Brasil

Muitos meninos e meninas do Brasil enxergam no futebol um caminho de ascensão social e independência financeira. Inspirados em craques como Marta e Neymar, sonham com o dia que se tornarão jogadores profissionais. Mas a vida de jogador não é nada fácil no país e apenas uma pequena porcentagem alcança o sucesso e a estabilidade na carreira profissional.  A série Categorias de Base mostra o funcionamento dos times que treinam na base dos clubes brasileiros e a esperança de crianças e adolescentes de subir para o time profissional. A reportagem é assinada por João Vitor Barros e a videorreportagem é de Lia Van Boekel.


Quem acha que um jogador de futebol que consegue chegar até a categoria sub-20 (formada por atletas com idade inferior a 20 anos) já é um profissional está muito enganado. Na verdade, a possibilidade desses jogadores de categorias de base se tornarem profissional no Brasil é muito baixa. De trinta jogadores, no máximo seis são aproveitados no profissional. O futuro daqueles que estouram a idade do sub-20 e não têm condições de subir para o profissional não é nada glamouroso. Muitas vezes, eles têm seus contratos rescindidos ou são emprestados para times pequenos de Série B ou C até o contrato com o clube expirar.








Para mudar um pouco esse quadro, alguns clubes de Série A têm feito parcerias com times da Série B ou da mesma cidade, para que possam se enfrentar no campeonato estadual e o técnico do time veja se esses jogadores estão prontos para voltar ao clube e defender a camisa. Outros clubes preferem fazer parcerias com times europeus. Atualmente, o Brasil tem vários casos de jogadores que precisaram sair do clube – emprestados ou não – , para estourar profissionalmente e, posteriormente, conseguirem voltar a jogar em equipes de maior expressão. Este é o caso de Peterson, jogador do Fluminense que ficou quase dois anos na Eslováquia, onde o clube tem uma filial. No país europeu, ele se destacou, foi o artilheiro do campeonato e recebeu muitos elogios do técnico do clube formador, que pediu a volta do atleta para o tricolor carioca.

“Certamente é um projeto muito importante para nós jogadores, pois nos ajuda dentro e fora de campo. O projeto é tão fantástico que no ano que vem poderemos ver o Fluminense jogando a Liga Europa contra uma equipe que sair da Liga dos Campeões na fase de grupos. O projeto começou para fazer um ser humano melhor, para ser um jogador melhor. Os jogadores do Fluminense que vão pra lá, falam inglês fluentemente.”, afirma Peterson.

Filial do Fluminense na Europa: clube eslovaco STK Samorin. Foto: Divulgação / Fluminense
O Fluminense tem a mais completa academia de formação de jogadores do Brasil. O trabalho da base do clube não termina em Xerém, no Rio de Janeiro. Pensando no desenvolvimento final dos jovens talentos, o tricolor criou um projeto mais amplo, que visa aperfeiçoar a molecada formada em casa. A criação de uma equipe filial do Fluminense na Europa é um projeto pioneiro dentro do mercado brasileiro de futebol. O STK Fluminense Samorin possibilita uma grande evolução e considerável vantagem competitiva no processo de captação, retenção, desenvolvimento, transição e exposição de atletas. O Flu-Europa contempla apenas jogadores formados em Xerém.

E, ao tratar de categorias de base, não se pode esquecer de um dos maiores formadores de jogadores do Brasil. O Santos já revelou para o mundo Diego, Robinho, Ganso e o craque Neymar, que hoje é um dos principais jogadores do mundo na atualidade. Para os profissionais do clube, é gratificante ver os “meninos da vila” saírem da Vila Belmiro para o mundo e se tornarem referência na Europa.

“O que nos torna um dos maiores formadores é que se você pegar nosso time principal, vai ver que a metade veio da categoria de base, como é o caso do Fluminense também, que a grande maioria subiu agora para o profissional. Ver esses meninos crescendo vale muito, pois vemos que o trabalho nas categorias abaixo é levado a sério e que, se vendermos um jogador para fora do brasil, podemos subir um menino que ele dá conta do recado.” , diz o vice-diretor de futebol do Santos, Luiz Simões.

Dos inscritos no campeonato de futebol mais disputado do mundo, a Champions League – onde todo atleta sonha em jogar –, 12 jogadores foram revelados na base do Santos e do Fluminense: sete e cinco atletas, respectivamente. Neymar e Thiago Silva jogam juntos no Paris Saint-Germain (PSG), um dos principais times a tentar levantar a taça, mas que tem o bicampeão do campeonato Real Madrid, do Marcelo, correndo atrás de um feito inédito: ganhar três vezes seguidas. Esses três atletas são os principais jogadores do mundo que foram revelados por Santos e Fluminense, conseguiram o sucesso na carreira e sonham um dia poder voltar a jogar pelo clube que o revelaram.

Credito/Fonte: https://agenciauva.net
Reportagem de João Vitor Barros / Videorreportagem de Lia Van Boekel.