Categorias de Base: Uma das principais fontes de receitas dos clubes brasileiros

Os grandes clubes do futebol brasileiros vivem há muito tempo atolados em dívidas multimilionárias que seriam capazes de decretar falência a qualquer empresa comum em todo o país. Para se ter uma ideia, os quatros maiores clubes do Rio de Janeiro estão entre os primeiros entre as equipes mais devedoras. No futebol, porém, há uma ajuda por parte do governo no parcelamento desses débitos.

Por amor ao esporte ou como alternativa à pobreza e à violência, muitos garotos que começam suas trajetórias nos clubes por volta dos 10 anos de idade sonham com o dia que se tornarão jogadores de futebol profissional. Para os clubes de futebol, essas crianças pobres ou de baixa de renda com um talento grande nos gramados são vistas como joias a serem lapidadas nas categorias de base até chegar ao profissional. Muitas vezes, antes mesmo de estrearem no futebol profissional, esses jovens são vendidos para diferentes lugares no mundo, como uma forma de diminuir as dívidas que os times carregam.

Centro de Treinamento do Fluminense. Foto: Divulgação

Com essa rotina dos clubes de lapidar talentos, colocar para jogar e vender para outros times, os garotos das categorias de base atualmente têm em sua maioria a mentalidade de que não jogarão por muito tempo pela suas equipes formadoras. Mais do que chegar ao profissional, já faz parte do sonho dos garotos ser vendido logo, de preferência para algum país da Europa, local ele conquista a independência financeira e fica ciente que também ajudou o time que o formou.

Se o Fluminense resistiu ao mercado e manteve seus principais nomes para o ano de 2017, recusando ofertas até de clubes europeus, o mesmo não acontecerá na próxima janela de transferências internacional. Sincero, o diretor de futebol Alexandre Torres afirmou que faz parte do planejamento financeiro do tricolor das Laranjeiras a venda de atletas importantes para o clube em 2018.

“Hoje o futebol se faz com dinheiro. Se não tem dinheiro, não faz futebol. Certamente terá algum jogador que precisaremos vender. Vivemos uma época onde as informações são tão desencontradas que a gente tem de ser muito direto com o torcedor, não adianta querer enganá-lo”, afirma Alexandre.



Campeonato de Aspirantes

A Confederação Brasileira de Futebol anunciou quais serão os participantes do Campeonato Brasileiro de Aspirantes, cujo objetivo é realizar a transição de atletas das categorias de base para o profissional. São eles: Atlético-MG, Atlético-PR, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Figueirense, Grêmio, Internacional, Santos e São Paulo. A ideia é que os clubes usem jovens sub-23 na competição, com a autorização para utilizar um goleiro e três jogadores de linha com idade acima da restrição. Outra limitação é que cada time poderá aproveitar no máximo seis atletas nascidos a partir de 1998.

O torneio é um projeto que a confederação tenta tirar da gaveta há alguns anos, mas que enfrentou resistência de clubes como Corinthians, Flamengo, Fluminense, Palmeiras, Ponte Preta e Vasco, seis equipes da primeira divisão que não disputarão a competição. O objetivo da federação em ter um campeonato disputado desta maneira é para os clubes brasileiros não perderem seus jogadores assim que estourarem a idade dos campeonatos de base, onde a maioria dos atletas não tem seus contratos renovados para subir ao profissional.

Com o apoio da maioria dos times, jogadores que achavam que seu sonho de ser jogador de futebol havia ido por água abaixo têm uma nova chance de mostrar o seu talento para seus respectivos clubes e, quem sabe, assinar um contrato com seu time que tanto defendeu nas categorias de base. Para Joanderson, este Campeonato de Aspirantes é um recomeço de carreira dele, pois depois de muitas lesões no São Paulo e no Cruzeiro, onde jogou profissionalmente, perdeu espaço e foi para o Internacional em campeonato não muito badalado.

“Desde que eu tinha 16 anos, me tratavam como uma promessa no São Paulo; assinei contrato, joguei duas partidas pelo time principal e fui emprestado em uma troca de jogador pelo Cruzeiro e, em Minas, foi onde comecei a me machucar muito. Vendo que eu podia não dar retorno no futebol e financeiramente para o clube, vim parar no Internacional, onde me deram esta nova oportunidade e onde vou abraçar o máximo para retomar minha carreira e quem sabe ajudar muito o time no Brasileirão”’, diz o atacante Joanderson, um dos craques do time do Internacional no Campeonato de Aspirantes.

Joanderson, um dos craques do time do Internacional. Foto: Divulgação

No entanto, é possível destacar alguns problemas neste processo aqui no Brasil. Quando os clubes não possuem ou precisam de um jogador de determinada posição, geralmente buscam contratações com grandes salários, jogadores vindos da Europa ou jogadores em fase final de carreira. Neste ano, aqui no Campeonato Brasileiro, é perceptível a ocorrência relacionada a esses casos onde inúmeros jogadores foram contratados na tentativa de solucionar problemas diversos.

Jogadores talentosos que se destacam nas categorias de base dos clubes são deixados de lado em troca de um jogador “medalhão” com nome e que, muitas vezes, não consegue desempenhar o seu melhor futebol. Se as categorias de base objetivam formar atletas para o grupo profissional e o investimento ocorre neste sentido, por que não colocar os garotos constantemente nesta seleção? Além disso, diariamente podemos observar a indignação de todos com os gastos com os salários dos jogadores de futebol. Este seria um dos outros pontos favoráveis à utilização de jogadores da base que, com certeza, têm um custo bem menor em relação a jogadores consagrados que, muitas vezes, nem criam uma identificação com o clube e a torcida.

Credito/Fonte: https://agenciauva.net