Sonho de jogar futebol profissionalmente pode se tornar frustração

Algumas escolas de futebol treinam garotos até o fim da adolescência. No entanto, após esse período, eles são dispensados

MARIÂNGELA LISBOA
Especial para o RROnline*

Algumas escolas de futebol no ABC realizam treinamento com garotos até o fim da adolescência. No entanto, após esse período, eles são dispensados. Sem condições de continuar praticando o esporte, a maioria desiste do futebol para começar a trabalhar.





Na Escola Chute Inicial, do bairro Taboão, em São Bernardo, os garotos fazem dois testes por ano para entrar no Corinthians. Se até os 16 anos de idade não conseguirem passar, acabam sendo dispensados. “Ou encontram outro lugar, ou param, começam a trabalhar. Mas tem menino que não quer acreditar”, contou Eduardo Neves, diretor da escola.

Segundo Neves, o maior problema não é com os meninos, e sim com os pais que querem que os filhos sejam jogadores profissionais. “Ninguém vai virar um Ronaldinho Gaucho, já nasce assim. O nosso objetivo é que a criança vá bem à escola, seja um bom filho, se ele vai virar jogador, não é o pai nem a gente que vai definir”, afirmou.

Para Erick Maciel, 15, o futebol não é apenas um sonho mais a única esperança. “Não tenho como não dar certo, eu vou ser jogador de futebol.”

Há também os garotos que treinam apenas para agradar os pais. “Comecei porque meu pai quer que eu seja jogador, mas eu quero ser medico”, disse André Luis Rigoleto, 16, que já tem um empresário e lugar para continuar jogando assim que for dispensado do Chute Inicial.

Em alguns casos, os pais enxergar o futebol não como lazer ou prática esportiva, mas uma profissão. “Se até os 14 meu filho não virar jogador profissional eu tiro ele daqui. Vai ter que começar a trabalhar pra eu ter retorno financeiro”, contou José Alberto, pai de Lucas de 8 anos que também treina no Chute Inicial.

Apesar de toda a pressão que esses garotos sofrem, em nenhum momento eles passam por atendimento psicológico. São os próprios professores que conversam com eles sobre a possibilidade do sonho de ser jogador não se realizar. “Adolescência é uma fase de transição e é bem complicado lidar com isso. Mas o ideal é que a procura por um profissional deve partir do próprio menino”, explicou o psicólogo Milton Campos Neves.

Para o psicólogo, esse é um problema social. “O problema não é apenas dentro da escolinha de futebol, mas sim do bairro, de todo país e da sociedade que faz a busca pelo bem material maior que os próprios valores”, analisou .

Os meninos que entram na escola com 4 anos, treinam um hora e meia duas vezes por semana. Na primeira hora eles fazem um treino físico comandado por professores formados em Educação Física com especialização em futebol. E na ultima meia hora fazem um “rachão”.

 Fonte: http://www.metodista.br